Deformidade tridimensional da coluna vertebral, caracterizada por uma curvatura lateral anormal, em C ou S, mais comum nas regiões torácica e lombar, a escoliose é uma importante patologia que acomete principalmente adolescentes, o que permite a realização de intervenções. Este mês é chamado de Junho Verde, dedicado à promoção de ações de conscientização da Escoliose Idiopática do Adolescente, e a equipe do Hospital Otávio de Freitas (HOF), no Recife, realizou uma programação voltada para os pacientes diagnosticados com a condição e suas famílias, na manhã desta segunda-feira (16/06). Ainda na ocasião, aconteceu uma apresentação do balé formado pelas pacientes da unidade.
A escoliose pode causar assimetrias nos ombros, escápulas, pelve e quadris, além de alterações posturais e na marcha. “Em casos mais graves, a curvatura pode comprimir a caixa torácica, restringindo sua expansão, comprometendo assim, a função pulmonar, e causando dispneia e sensação de fadiga durante atividades físicas, dor torácica, tosse seca e, até apneia do sono”, destacou a fisioterapeuta do HOF, Elaine Araújo.
A profissional reforça ainda que o diagnóstico na infância oferece maior efetividade do tratamento. O padrão-ouro para sua avaliação é através do exame de radiografia, para que a curvatura possa ser avaliada, a angulação mensurada e sua gravidade definida. O exame clínico também será importante para o estabelecimento do plano de tratamento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a escoliose acomete cerca de 2% a 4% da população mundial. Portanto, o diagnóstico precoce é fundamental para identificar a escoliose na fase inicial, permitindo que intervenções possam ser realizadas, como o uso de coletes ortopédicos e exercícios específicos, para impedir a progressão da doença.
Já o tratamento da condição pode ou não envolver procedimento cirúrgico. “A decisão de realizar uma cirurgia depende da gravidade da curvatura, da idade do paciente e da resposta ao tratamento conservador. A cirurgia é geralmente indicada para casos mais graves, com curvas maiores que 45-50 graus, ou quando o tratamento conservador, com coletes e fisioterapia especializada não é eficaz”, explicou a fisioterapeuta. No Hospital Otávio de Freitas, a equipe de fisioterapia atua no pré e pós-cirúrgico até a alta hospitalar.
A melhoria da qualidade de vida dos pacientes que passam pelo tratamento, cirúrgico ou conservador, melhora significativamente, pois possibilita a redução da dor, da correção postural, da função física e da prevenção da progressão da curvatura. Além de melhorar a autoestima e a confiança do paciente, permitindo que ele participe mais ativamente da sua vida social, profissional e escolar, prevenindo as possíveis complicações respiratórias, cardíacas, neurológicas e musculoesqueléticas.
Atualmente com 13 anos de idade, Lorena Vitória é acompanhada pela equipe de fisioterapia do HOF há seis meses. O tratamento conservador possibilitou que a paciente tivesse uma redução em 6° da curvatura da coluna, inicialmente calculada em 33°. “Antes do diagnóstico e do início do tratamento, eu tinha muita dor, tomava remédio e não conseguia fazer coisas simples como educação física na escola, ajudar a limpar a casa, etc. Hoje em dia raramente sinto dor e tenho mais mobilidade para fazer minhas atividades”. A paciente se dirige ao Otávio de Freitas uma vez por semana para continuidade das sessões com a equipe do serviço.
A unidade também realizou o acompanhamento ambulatorial especializado desses pacientes, tanto aqueles que receberam alta hospitalar quanto aqueles em tratamento conservador. No local são realizados uma média de 40 a 50 atendimentos por mês.