Um levantamento para conhecer detalhadamente onde está a força de trabalho das mulheres dentro dos portos está sendo feito pela Wista Brazil (Associação Internacional de Transporte e Comércio Feminino - na sigla em inglês) nos portos paranaenses de Paranaguá e Antonina. A pesquisa busca identificar a participação feminina e formular ações para ampliar a atuação delas em um setor majoritariamente masculino.
As empresas do setor portuário que atuam nos dois portos foram convidadas a responder ao questionário que vai traçar o perfil do trabalho feminino na estrutura portuária paranaense. O objetivo do estudo é entender as dificuldades e propor maneiras de alcançar a equidade de gênero, conforme apontam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).
Além da Portos do Paraná, foram convidados a participar do estudo operadores, agências marítimas, prestadoras de serviços portuários, empresas de rebocadores e até escritórios de advocacia que atuam no setor. As empresas podem enviar as respostas até o dia 30 de abril. A divulgação dos resultados está prevista para a segunda quinzena de maio.
O ministro de Portos e Aeroportos saudou a iniciativa e disse ser uma importante ferramenta para pensar em como trazer a força de trabalho feminino para os portos brasileiros. "Precisamos de ambientes cada vez mais seguros e inclusivos para as mulheres trabalharem. É um dever de todos nós assegurar isso e nós queremos ter mais mulheres trabalhando conosco, para trazer mais desenvolvimento e crescimento para o setor." afirmou o ministro.
Na pesquisa, as empresas deverão informar a porcentagem de mulheres em seus quadros e o perfil dos cargos que elas ocupam. Segundo a bióloga e analista portuária da Portos do Paraná e diretora regional da WISTA Brazil, Andréa Almeida, o questionário vai permitir recolher dados que ajudem a entender as dificuldades para a contratação de mulheres e onde já houve evolução nesse sentido.
“Estamos buscando refinar os dados que formam o panorama nacional do assunto. O momento é de regionalizar a pesquisa, para que possamos conhecer detalhadamente como é composto esse grande mosaico. É notório que a situação é diferente em cada parte e porto do país. É importante conhecer, entender, para trazer propostas efetivas que nos ajudem a alcançar a equidade em nosso Estado”, explica.
A diretora disse ainda que, com toda a tecnologia existente, é preciso quebrar o mito de que o setor portuário não é um lugar para mulheres. “É fundamental criar um ambiente que incentive a entrada feminina nesse mercado. Com os dados em mãos, queremos encorajar as mulheres que sonham em atuar no setor a ingressarem nas diversas carreiras do meio aquaviário e portuário.”
A ação conta com o apoio do Sindicato dos Operadores Portuários, do Sindicato das Agências Marítimas do Paraná, do movimento Mulheres & Portos e da própria Portos do Paraná.
Os interessados poderão responder ao questionário aqui .
Contra o assédio
Mais ações como estas estão sendo feitas na área pública. Em março deste ano, o Ministério de Portos e Aeroportos, em parceria com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Wista Brazil, lançou o Guia de Enfrentamento ao Assédio no setor aquaviário, um manual de boas práticas para combater o assédio contra mulheres que trabalham nos portos e na navegação brasileira.
Na ocasião do lançamento, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou que a iniciativa é importante para que as mulheres possam trabalhar sem medo de discriminação ou assédio e declarou ainda que o material precisa ser disseminado no setor aquaviário. "A gente precisa fazer com que esse material chegue a todos os trabalhadores e trabalhadoras de todos os portos do Brasil, para que a gente possa fazer um debate permanente".
No documento elaborado estão os seguintes objetivos:
• Combater a violência contra mulheres no setor
• Apoiar processos de desenvolvimento para o país
• Tornar o setor mais atrativo e assim ser reflexo “real” da sociedade brasileira
• Fortalecer a diversidade/pluralidade no setor aquaviário
• Fortalecer estruturas de trabalho com foco no setor do futuro
• Proporcionar aberturas para geração de emprego/renda de maneira mais ampla e diversa
• Impactar positivamente a relação porto-cidade a partir de indicadores ESG
Atualmente, apenas 17% da força de trabalho do setor aquaviário são mulheres. Desse total, 16,7% estão em cargos executivos, 22,5% em cargos de gerência e 16,4% em cargos operacionais. Nesse levantamento também foi constatado que a faixa etária das mulheres que trabalham no setor está dividia em: menos de 1% tem mais de 55 anos, 2,7% tem entre 45 a 54 anos, 16,5% têm de 25 a 44 anos (N amostral de 49,7) e 1,9% têm entre 18 a 24 anos.
Acesse o Guia de Enfrentamento ao Assédio no Setor Aquaviário
Assessoria Especial de Comunicação Social
Ministério de Portos e Aeroportos