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Brumadinho - MG Foto: divulgação |
Como esquecer daquilo, que jamais
esqueceremos? O que dizer, para tantas famílias dilaceradas, pela ausência, de
quem mais amam e amavam? Uma assustadora “tsunami” de lama e material altamente
tóxico, o qual veio por cima, de pessoas e edificações, naquela sexta caótica
feira do mês de janeiro de 2019.
Era meio dia e vinte e oito minutos. O
que poderia ser mais um dia de atividades, da mineradora Vale, ficou
historicamente registrado como um “dia fatídico” para o Brasil e mundo inteiro.
A pousada lindíssima, que foi
sepultada para sempre, junto de seus hóspedes, entre estes, uma jovem
curitibana e seu namorado, ela grávida e até o presente momento, ainda não
encontrada. O filho já tinha até nome, Lorenzo. Este nunca conhecerá a sua história
de vida, nem de morte.
Os animais sofrendo atolados, no sol
quente e tórrido, peixes mortos no rio quase morto, de tanta lama lançada de
uma vez só.
Os engenheiros, até elétrico, mas que
não souberam planejar um simples alarme de aviso de catástrofes. Segundo um
famoso locutor de rádio, todos em sua maioria, moradores de outros países e que
desconhecem por completo a realidade de vida de tais cidades e povoados, entre
estes, a Vila do Feijão. O mesmo locutor, os chamou de “calhordas”.
Depois de tudo, o que já tínhamos
passado, com a barragem de Mariana e Samarco, parece que nada, absolutamente
nada, aprendemos para proteger tais comunidades, destes destrutivos episódios.
Parece que engatinhamos igual bebê de fraldas cheias como sociedade organizada
e de bom senso a flor da pele.
E sempre depois de tudo perdido, 2019
ideias mirabolantes de planejar melhor as barragens, fazer inspeções que nunca
foram realmente feitas, punir quem nunca foi punido, suspender contratos que
penso eu nunca deveriam ter sido iniciados, sem os parâmetros corretos e
ambientalmente legais.
Assistindo as imagens, todos estes
dias, confesso a vocês que cansei de tanto sofrimento. Tenho evitado jornais
que mostram tais amarronzadas imagens, pois penso, que tais pessoas nunca imaginariam
tantas desgraças em tão poucos segundos e minutos.
E o que mais me deixa perplexo, é
saber, que existem mais de 160 outras barragens mineiras em situação precária,
sendo que depois de Brumadinho, vários prefeitos e autoridades, tem solicitado o
fechamento de algumas destas. Será, que não estamos aguardando, mais vidas
perdidas, além destas 120 já identificadas, e tantas outras, que podem ficar
apenas registradas na memória? É uma pergunta ainda sem a devida resposta.
Emerson Pugsley, o autor é cronista, formado em
Geografia com Especialização em Espaço, Sociedade e Meio Ambiente. Já tem
várias publicações em diversos meios de comunicação e participa como colunista voluntário no Jornal
Ponta Grossa, desde 2017.